terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Bússola de Ouro - Philip Pullman

"Esse é o dever dos velhos: ter ansiedade por causa dos jovens. E o dever dos jovens é fazer pouco caso da ansiedade dos velhos."


Título: A Bússola de Ouro

Autor: Philip Pullman

Título Original: Northern Lights

Tradução: Eliana Sabino

Série: Fronteiras do Universo

Editora: Objetiva

2013






      O abre-alas da trilogia Fronteiras do Universo de Philip Pullman nos apresenta o mundo fantástico que o autor criou. A protagonista, Lyra Belacqua, é apenas uma garota que vive na cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. O foco principal da história é o desaparecimento constante de crianças e nossa protagonista se envolve nesse mistério quando seu melhor amigo é raptado e ela parte para ajuda-lo. Em um dado momento, ela recebe um objeto que a ajudará em sua busca: o aletiômetro (ou bússola de ouro). O raríssimo objeto é nada mais que um oráculo divinatório que não pode cair em mãos erradas.

“— O que é isso? — ela perguntou.
— É um aletiômetro. Só existem seis no mundo, Lyra. E novamente eu aviso: guarde segredo.”

      A princípio tudo é uma tremenda confusão. O autor aborda uma infinidade de assuntos que ficam em aberto por um bom tempo. E isso é bom, já que desse modo, a trama consegue te prender. Após terminar o livro, eu poderia muito bem dizer que a história do começo é completamente distinta do desfecho. O livro tem um ponto inicial linear, mas há tanta política entre religião e ciência que quando termina, parece ser uma história alternativa. Isso tudo de uma forma positiva, é claro. Lyra tem um papel muito importante na história, que vista dos primeiros capítulos, nem da pra imaginar.

“E eles falaram de uma criança como esta, que tem um grande destino que não poderá ser cumprido neste mundo, mas num lugar muito além dele. Sem esta criança, morreremos todos, é o que dizem as feiticeiras”

      Os objetos fantásticos que permeiam o enredo são o trunfo do autor, como os dimons. Os dimons! E como não cita-los? Na obra de Pullman, todos os seres humanos possuem uma materialização da própria alma que os acompanha até a morte. Essa materialização recebe o nome de dimon. Os dimons possuem formas de animais, que podem ser alteradas quando criança e fixa na fase adulta.

“Um ser humano sem dimon era como uma pessoa sem rosto, ou com as costelas à mostra e o coração arrancado: uma coisa antinatural e estranha, que pertencia ao mundo dos pesadelos noturnos, não ao desperto e racional”

      Não há limites para a imaginação do autor que conseguiu criar uma história boa com originalidade dentro da literatura fantástica. É fato que a leitura é satisfatória, mas devo confessar que me senti enganado quando terminei as últimas páginas. Pullman se sai muito bem descrevendo e resolvendo os problemas da trama principal, porém os assuntos secundários e, convenhamos mais importantes, ficam em aberto. E quando ele finalmente (nas últimas duas páginas) atribui uma explicação para a coisa mais importante do livro todo, é com incerteza. É claro que esse é apenas o primeiro volume e que, espero eu, tudo será explicado no decorrer dos outros livros, mas o autor poderia sim ter fixado tudo e ainda sim, manter o gancho para o segundo volume, como visto em A Guerra dos Tronos. Jogada de marketing ou não e mesmo caindo um pouco em meu conceito, nada não vai me impedir de terminar de ler a trilogia. Estou super ansioso para conseguir minhas respostas e que venha A Faca Sutil!


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