"Esse é o dever dos velhos: ter ansiedade por causa dos
jovens. E o dever dos jovens é fazer pouco caso da ansiedade dos velhos."
Título: A Bússola de Ouro
Autor: Philip Pullman
Título Original: Northern Lights
Tradução: Eliana Sabino
Série: Fronteiras do Universo
Editora: Objetiva
Série: Fronteiras do Universo
Editora: Objetiva
2013
O abre-alas da trilogia Fronteiras do Universo de Philip Pullman nos apresenta o
mundo fantástico que o autor criou. A protagonista, Lyra Belacqua, é apenas uma
garota que vive na cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. O foco
principal da história é o desaparecimento constante de crianças e nossa
protagonista se envolve nesse mistério quando seu melhor amigo é raptado e ela
parte para ajuda-lo. Em um dado momento, ela recebe um objeto que a ajudará em
sua busca: o aletiômetro (ou bússola de ouro). O raríssimo objeto é nada mais
que um oráculo divinatório que não pode cair em mãos erradas.
“— O que é isso? — ela perguntou.
— É um aletiômetro. Só existem seis
no mundo, Lyra. E novamente eu aviso: guarde segredo.”
A princípio tudo é uma tremenda
confusão. O autor aborda uma infinidade de assuntos que ficam em aberto por um
bom tempo. E isso é bom, já que desse modo, a trama consegue te prender. Após
terminar o livro, eu poderia muito bem dizer que a história do começo é
completamente distinta do desfecho. O livro tem um ponto inicial linear, mas há
tanta política entre religião e ciência que quando termina, parece ser uma
história alternativa. Isso tudo de uma forma positiva, é claro. Lyra tem um
papel muito importante na história, que vista dos primeiros capítulos, nem da
pra imaginar.
“E eles falaram de uma criança como
esta, que tem um grande destino que não poderá ser cumprido neste mundo, mas
num lugar muito além dele. Sem esta criança, morreremos todos, é o que dizem as
feiticeiras”
Os objetos fantásticos que permeiam
o enredo são o trunfo do autor, como os dimons. Os dimons! E como não cita-los?
Na obra de Pullman, todos os seres humanos possuem uma materialização da
própria alma que os acompanha até a morte. Essa materialização recebe o nome de
dimon. Os dimons possuem formas de animais, que podem ser alteradas quando
criança e fixa na fase adulta.
“Um ser humano sem dimon era como
uma pessoa sem rosto, ou com as costelas à mostra e o coração arrancado: uma
coisa antinatural e estranha, que pertencia ao mundo dos pesadelos noturnos,
não ao desperto e racional”
Não há limites para a imaginação do
autor que conseguiu criar uma história boa com originalidade dentro da
literatura fantástica. É fato que a leitura é satisfatória, mas devo confessar
que me senti enganado quando terminei as últimas páginas. Pullman se sai muito
bem descrevendo e resolvendo os problemas da trama principal, porém os assuntos
secundários e, convenhamos mais importantes, ficam em aberto. E quando ele
finalmente (nas últimas duas páginas) atribui uma explicação para a coisa mais
importante do livro todo, é com incerteza. É claro que esse é apenas o primeiro
volume e que, espero eu, tudo será explicado no decorrer dos outros livros, mas
o autor poderia sim ter fixado tudo e ainda sim, manter o gancho para o segundo
volume, como visto em A Guerra dos Tronos. Jogada de marketing ou não e mesmo
caindo um pouco em meu conceito, nada não vai me impedir de terminar de ler a
trilogia. Estou super ansioso para conseguir minhas respostas e que venha A
Faca Sutil!
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