terça-feira, 18 de agosto de 2015

It: A Coisa - Stephen King

"— Eles flutuam — rosnou a coisa — eles flutuam, Georgie, e quando você estiver aqui em baixo comigo, também vai flutuar..."



Título: It: A Coisa

Autor: Stephen King

Título original: It

Tradução: Regiane Winarski

Editora: Objetiva (Suma de Letras)

2014





A Cosia. Você com certeza já viu ela. Talvez um livro, um filme ou em seus pesadelos;

A Coisa é o medo.

Era essa a premissa de Stephen King: criar uma criatura cuja essência é o medo. E de certa forma foi isso que ele fizera. A Coisa se passa na cidade fictícia de Derry, no Maine, onde um grupo de crianças – o Clube dos Otários – acidentalmente, descobre uma entidade maligna cuja forma fixa não existe – embora a forma de Pennywise, o palhaço, seja a mais comum –, de modo a assumir uma aparência que se assemelhe aos pavores das pessoas.

“E quando a imagem de Eddie do que era a Coisa começou a sumir, a Coisa começou imediatamente a adquirir outra aparência.”

Esse primeiro confronto, em 1958, tem como plano de fundo o assassinato de George, irmão caçula do líder do Clube dos Otários: Bill. O desfecho deste encontro com a Coisa acaba bem para os protagonistas, que mesmo acreditando que a Coisa tenha morrido, fazem uma promessa de retornar à Derry se a Coisa, um dia, voltar. E é exatamente isso que acontece em 1985

“— Uma pessoa me ligou. Uma pessoa que conheci há muito tempo. Em outro lugar. Naquela época, aconteceu uma coisa. Fiz uma promessa. Todos prometemos que voltaríamos se essa coisa voltasse a acontecer. E acho que voltou”

Agora, vinte e sete anos mais velhos, o grupo de amigos precisa reviver as lembranças e pesadelos do que, um dia, fora a Coisa.

“A Coisa sempre se alimentou bem de crianças. Muitos adultos poderiam ser usados sem saber que foram usados, e a Coisa até já tinha se alimentado de alguns mais velhos ao longo dos anos. Os adultos tinham seus próprios pavores, e as glândulas deles podiam ser invadidas, abertas, para que os componentes químico do medo jorrassem pelo corpo e salgassem a carne. Mas os medos das crianças eram mais simples e normalmente mais poderosos. Os medos das crianças costumavam ser invocados com um único rosto... e se fosse preciso usar uma isca, ora, que criança não adorava um palhaço?”

Essa premissa é fantástica, e confesso que o autor conseguiu me prender ao longo de toda a trama – que de pequena não tem nada. A forma como King narra os acontecimentos do ponto de vista de sete crianças sem soar infantil é de se admirar! Em Sobre a Escrita (resenha aqui), o autor nos revela que A Coisa foi escrita a partir de algumas memórias do próprio, e de certa forma, ele consegue deixar isso bem explícito no livro. Junto com King, revivemos nossas memórias de infância, pois é impossível não se identificar com uma coisa ou outra. A essência do livro é sim o medo, mas o medo de criança, e o autor constrói uma atmosfera tão nostálgica que chega a ser real.

“Sim, talvez fosse isso. Era coisa de criança, mas parecia que era disse que essa coisa se alimentava, de coisas de criança.”

Há vários lapsos de tempo no livro, e a narrativa alterna entre o primeiro encontro com a Coisa e os acontecimentos atuais. É fato que, como sempre, Stephen King cria inúmeros subenredos e coisas que, em termos, são desnecessárias, mas, como leitor, tive a impressão de que todos aqueles pontos de fuga foram essenciais para a atmosfera que o autor estava tentando criar. É uma leitura extremamente extensa, mas eu estava aproveitando tanto as páginas que isso nem me afetava. Até chegar ao desfecho...
      Pelo fato da Coisa ser uma criatura tão enigmática, a maior curiosidade do leitor é descobrir, enfim, o que é a coisa e como ela funciona. E se seu medo é esse, caro leitor, fique tranquilo, pois Stephen King nos dá uma explicação. O único problema, entretanto, é que isso não é convincente e nem um pouco plausível. Há, nas entrelinhas, uma forte conexão com A Torre Negra, mas King não pode tomar isso como um veredito, pois seria uma ofensa aos seus leitores, que não necessariamente, leram a Torre Negra. O livro começou a ser escrito em 1981 e terminado em 1985, e talvez seja esse o motivo do começo e fim serem tão distintos. A sensação que tive – além do vazio na conclusão – fora de que o autor mudara o modo de pensar no decorrer dos anos e isso refletiu na trama. Realmente poderia ter sido melhor...

Bônus: It – Uma Obra Prima do Medo.

      Não é do meu feitio comparar os livros com suas adaptações cinematográficas, mas não pude deixar passar essa oportunidade de compartilhar minhas impressões a respeito deste filme.
É fato que o filme é bem reduzido em comparação com a obra, e isso é completamente aceitável, pois é uma tarefa quase impossível adaptar 1102 páginas – mesmo que em três horas de duração. A trama, ao meu ver, ficou bem confusa nos cinemas – devido aos lapsos de tempo –, e acredito que quem leu o livro tenha aproveitado muito mais que quem viu apenas o filme. Este, entretanto, não é o assunto em questão, pois o motivo dessa comparação de livro x filme, é apenas um: Pennywise
      A interpretação impecável de Tim Curry no papel do palhaço não poderia ser melhor. O ator dá vida a Pennywise de uma forma tão sombriamente visual, e cria um terror psicológico tão fantástico, que não senti em momento algum do livro. Achei que o palhaço assassino seria um personagem pretensioso e sem graça no filme, justamente por causa do terror psicológico, mas pra minha felicidade, eu estava errado! 




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